O Amanhecer de um Psicopata - Capítulo 6


Capítulo VI

Qual é a piada de escrever dentro de um código de conduta, por assim dizer, dentro de certas regras, quando falamos acerca de alguém que não vive segundo as “regras” impostas pela sociedade, alguém que não sabe distinguir o certo do errado, ou que simplesmente não entende que comete atos diferentes dos que estamos habituados a assistir no nosso quotidiano.

Muitos de vós devem saber que a obrar de Fernando Pessoa,o mais universal poeta português (pelo menos para mim ), não é totalmente conhecida. Muitos estudiosos do poeta têm noção que muitos manuscritos do mesmo, podem estar ainda no anonimato, pois este não tinha por norma organizar um livro por cabeça, tronco e membros. Preferia antes escrever o que queria, onde queria, como queria e numa simples folha de papel, que ficaria algures perdida, numa arca, numa gaveta ou fosse onde fosse.

Josefino Tocagaita, que de poeta e de génio nada tem, decidiu fazer o mesmo, ou seja, deixou completamente emaranhado na gaveta das minhas meias, uma coletânea de várias aventuras com ele e os amigos a fazer “coringuises” como ele assim as nomeia, retratam também algumas cenas do seu passado mais longínquo, bem como, do seu tenebroso presente.

Desta feita, vou agora abordar um tema que curiosamente também consta nos vários escritos do Josefino. Segundo ele, eu conheci o Josefino durante um ataque terrorista numa pastelaria em Lisboa, mas que não soube citar o nome da mesma ( se fosse só isso que ele não sabe citar ).

Era um dia chuvoso, mais ventoso do que é habitual na nossa capital, e de entre o nevoeiro cerrado daquela manhã de Inverno surgiu um rapaz (eu), segundo o Josefino, esse rapaz era pequeno, enfadado, molesto, perverso e por último e não tão menos importante, um verdadeiro “vidão”...”Jão viadão”, é assim que ele me chama, eu que sou o autor da sua história, e que sempre exaltei os seus gloriosos feitos. Mas prosseguindo a história, chego à parte em que, alegadamente, estou eu muito bem sentado na esplanada da pastelaria, que me apetece dizer que é a Versailles, a tomar um belo chocolate quente, quando de repente surge Josefino Pepino Molhadinho Gamboa de Tocagaita ( nome completo do luso brasileiro ) acompanhado pelo seu parceiro PISTOLEIRO, que para ele simboliza um amigo tão leal e fiel como o Robin é para o Batman ou como o Puto Perdiz é para o Capitão Falcão.

Josefino infiltrou-se no estabelecimento, deu uma ou duas trolitadas na pobre rapariga que se encontrava a depositar uns quantos bolos de arroz numa arcar frigorífica, e de seguida, sem apelo nem agradou, à frente de toda a população ali presente, ao vivo e a cores , tentou violar ( sim leram bem ) violar Jão Viadão. Vários civis tentaram impedir esse ato herege, e quando tudo se adivinhava negro e o pior ia acontecer para Jão, algo o salvou.

Acontece que naquele mesmo momento, um individuo que no meio daquela confusão tinha entrado na pastelaria , ameaçou Josefino Tocagaita, dizendo que duvidava que aquele palhaço tivesse pepino que chegasse para ele. Tocagaita não faz muitas referências ao que aconteceu após essa insinuação, apenas posso registar que Josefino e PISTOLEIRO arrastaram o homem para a casa de banho mais próxima, fecharam a porta, e os sons mais estranhos tomaram lugar naquele momento, coisas como: “IUSHAS”, “AAAASASU”, “OCUANAOA”, “UIUIUIA”, entre outros sons estranhos, uma verdadeira onomatopeia recheada de escândalos.

Depois do serviço terminado, Josefino obrigou o sujeito a gritar o nome dele em voz alta de forma dramática, bem, de forma dramática não vos posso dizer se foi, mas posso dizer que o que se ouviu ás 17:16 horas da tarde nos arredores da pastelaria Versailler foi “PORTAS....PAULO PORTAS”.

A partir daí, como o Jão Viadão começou a ter medo que Josefino lhe obrigasse a engolir um piaçaba....ou outra coisa pior, decidiu ceder á chantagem e começar a contar ao mundo as suas aventuras.

Esta foi a história que Josefino escreveu, e que segundo ele, foi nestas circunstancias onde o conheci e porque decidi começar a escrever sobre ele. Pois, mas a verdade é bem diferente, eu não me chamo Jão Viadão, mas o nome do autor é irrelevante, o que é relevante é a personagem e o modo como esta surgiu.

Em muitas ocasiões os autores escrevem sobre o que são, e por isso, idealizam e criam personagens com quem se interligam ao ponto de assumirem o seu papel na sociedade. No entanto, tal não é o meu caso, este Josefino é uma personagem bastante desafiante na medida em que eu para escrever sobre ela assumo uma personalidade completamente diferente, na qual não me identifico, desta feita, não vejo nele um meu heterónimo, mas tal como Álvaro de Campos era o único heterónimo que “falava” com fernando Pessoa, e que lhe dizia o que devia ou não fazer, eu muitas vezes, no meu papel de autor, me encontro rodeado pelas satíricas e cómicas conversas do Josefino, pois são estas que em certas ocasiões me fazem rir a mim e a meia dúzia de outros indivíduos que adquiriram a paciência para ler estas obscenidades escritas, a eles lhe tiro o chapéu e agradeço por lerem esta parte de mim.

Mas isso não interessa nada, o que importa aqui referir agora é que hoje recebi na caixa do correio, no meio de dezenas de cartas que só interessam é para aborrecer o interveniente, uma carta do Josefino na qual ele me diz que vai “ VISITA AO PAPA NOEU: FAZE CORINGUISIS NOS CARROS DOS POLICIAIS BRASILEROS, TORNA MINISTRO DAS CORINGUISIS, TRANZA O DONALDO TRUMPI, ASSISTI A FIUMIS COM BOLIA ( COMO PAI AMERICANO E A CORRIDA DAS GALERAS NUAS), CONSUMI MUTA PICAHA E MAMIHAS, ENTRA NUM FIUMI DI OLLYODI PARA MAIORES DI PIVETXIS ( maiores de 18 ), E FAZE VIADICIS COM PISTOLEIRO, ARQUELINA, RICKI FLAGI E OUTROS NOMIS MANEIROS.

ASSINATURADO: JOSEFINO TOCAGAITA


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